Introdução: O Porto Medieval (1114-1495)

A história da região portuense começou há centenas de milhares de anos, com evidência de ferramentas da Época Lítica provindas do concelho de Vila Nova de Gaia.¹ Outros artefactos arqueológicos da área, pontas de seta, vasos cerâmicos, etc., confirmam a povoação da área pelas Idades do Bronze e do Ferro. A chegada e resultante influência cultural dos povos mediterrânicos e celtizantes na 2ª Idade do Ferro cederam-se a quase cinco séculos de domínio romano. Os subsequentes reinos suevos e visigóticos também deixaram a sua impressão indelével na futura cidade, pois foi nessa altura em que a povoação do morro se urbanizou, tornando-se o Portucale castrum novum (582 d.C.).² Esta nova sede episcopal do futuro Porto desfrutou dos privilégios e das responsabilidades de uma cividade e desenvolveu-se através de uma organização civil de carácter eclesiástico.

A invasão muçulmana abriu um novo capítulo na história da península ibérica, mas parece ter ocupado um papel relativamente breve na história portuense. Considera-se que o Portucale caiu em 716 e ficou sob reino muçulmano até 868.³ Por motivos históricos e geográficos, as regiões nortenhas não demoram tanto como seus vizinhos ao sul em ser «reconquistadas» pelas forças da dinastia asturiana (e talvez por isso hoje se nota menos influência árabe do que no sul da península).

A Idade Média portuguesa tomou a sua forma com as dinastias asturiana, leonesa e navarra e mais tarde, a monarquia portuguesa. Para o burgo do Porto, os tempos medievais iniciaram-se ou em 1113 ou em 1114, quando o bispo D. Hugo restaurou a diocese.⁴ Eis aqui onde começa os vestígios do Porto Medieval ainda visíveis nas duas muralhas que envolvia a cidade, nos edifícios, nas ruas sinuosas e nos becos do centro histórico que agora está sob a protecção da UNESCO.

E foi aqui, dentro deste labirinto urbano, onde comecei a descobrir o Porto.


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1 Ramos, Luís Oliveira, ed., História do Porto (Porto: Porto Editora, Lda., 1995) , 58.
2 idem, 654.
3 idem, 105.
4 idem, 120.

Bibliografia