A Rua dos Mártires da Liberdade A Rua de Mártires da Liberdade já se figura na planta de Balck de 1813, mas com toponímio diferente. Os registos do Arquivo Histórico indicam que desde pelo menos 1821, a rua se chamava a Rua de Sto. Ovídio e, como provavlmente era dividida em duas, também se encontra, a partir de 1824 e até 1860, o toponímio de Rua da Sovela. Por volta de 1836, encontram-se registos que referm à Rua de Dezasseis de Maio ou, mais simplesmente, a Rua de Maio. 83 O nome actual, dado em homenagem aos liberais «justiçados» em 1829, durante o reinado miguelista84 só foi conferido a meados do mesmo século. Embora a rua já existia em várias incarnações antes deste período, segundo os registos, a maioria das edificações aconteceram a partir de 1850, num estado de crescimento sustendada.85 Esta rua em que morei, uma rua relativamente estreita, era uma das artérias primárias abertas ao início do século XIX. A começar ao lado da Fonte das Oliveiras, a rua continua até o Campo de Sto. Ovídio, hoje melhor conhecido como a Praça da Liberdade. Nesta rua, mais humilde em comparação à sua vizinha, a Rua da Boavista, a qual sustentava as casas e a gente de «condições muito boas», nasceu a revista cultural A Águia. Fundada em 1910, a revista dedicou -se às temáticas da arte e da literatura, mas com um espírito claramente liberal. Tanto como o Clube Fenianos Portuenses, A Águia representou um elemento da sociedade portuense que não se contentava com o velho regime. Infelizmente, a ditadura instaurada em 28 de Maio de 1926 pôs o fim à primeira República e interrompeu esta onda de progressivismo cultural portuense, mas os esforços dos contribuintes de A Águia e outras revistas portuenses daquela altura, tais como a Renascença Portuguesa, deixaram a sua impressão na história cultural da cidade. Uma placa na fachada do número 178 é testemunho a essa onda de actividade intelectual que surgiu nas primeiras décadas do século XX. Na mesma rua, instalou-se a Associção dos Albergues Noturnos do Porto, fundada em 1882, para fornecer dormidas às pessoas sem casa. Um dos resultados menos agradáveis que surgiram da expansão novecentista do Porto, os albergues noturnos foram criados devido ao número crescente de famílias e indivíduos que ficaram sem morada própria. Vale notar que os albergues, tanto como as ilhas, ainda existem no Porto.
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Notas 83 Série de plantas
de casas, Arquivo Histórico Municipal do Porto. |